SINDICATO DOS SERVIDORES MUNICIPAIS DA EDUCAÇÃO DE CANOAS

O Sindicato dos Profissionais em Educação Municipal de Canoas (SINPROCAN), vem a público demonstrar a insegurança e a fragilidade dos profissionais em educação municipal, diante do desastre climático ocorrido em nosso estado. Também se manifesta quanto a forma morosa e sem objetividade dos encaminhamentos que a Prefeitura de Canoas tem feito às questões relacionadas a esse acontecimento, no que pertine aos profissionais da educação e das condições de trabalho.

Diante da maior enchente da história do Município de Canoas, com mais de 50% de sua população atingida, estamos vivenciando dias muito difíceis desde 03 de maio de 2024. Milhares de pessoas tiveram que sair às pressas de suas casas, tiveram seus lares avariados e estão sem seus pertences pessoais adquiridos durante uma vida inteira.

Foram encaminhados dois formulários pela prefeitura, com o objetivo de fazer um levantamento da situação dos servidores da educação. Questionaram se foram ou não atingidos e quais são as condições em que os funcionários se encontram. Após esse levantamento, em nenhum momento foi divulgada alguma ação efetiva acerca do diagnóstico obtido. Queremos saber: Quais medidas serão tomadas a partir da constatação da realidade dos profissionais da educação e todas as dificuldades relatadas?

No dia 12 de junho de 2024, os servidores públicos de educação das escolas de ensino fundamental deste município, foram convidados para uma reunião de forma presencial, momento em que foram comunicados do retorno das atividades escolares previsto para terça-feira, 18 de junho de 2024.

Durante a manhã do dia 13 de junho de 2024, através de uma live, no instagram da Prefeitura de Canoas, o Prefeito divulgou que as pessoas deveriam evacuar novamente suas casas devido às previsões climáticas para os próximos dias. Constatando que as atividades presenciais retornariam no dia 18 de junho, questionamos: Como esse retorno será possível?

A Prefeitura de Canoas conta com mais de 2.000 funcionários na área da educação e, deste montante, sabe-se que cerca de 900 foram atingidos diretamente e em torno de 600 atingidos indiretamente.

Neste momento, indagamos: Como será esse retorno, considerando que muitos servidores estão impossibilitados de voltarem para suas casas, com o seu psicológico abalado, com sua renda totalmente comprometida e com medo de que tudo isso retorne nos próximos dias?

As emergências climáticas estão nos dando todos os avisos sobre o mundo que teremos no presente e no futuro. Os bairros atingidos seguem com acúmulos dos materiais que foram descartados em virtude da enchente, com diversas pessoas retirando entulhos de suas casas, obstruindo passeios e reduzindo a locomoção pelas vias públicas, tentando se reerguer e buscar o mínimo de recursos possíveis para voltar à “normalidade”. Como retornar às atividades presenciais diante disso?

Também temos a situação de muitos funcionários que não residem no município de Canoas, que se deslocam de Porto Alegre, Sapucaia do Sul, São Leopoldo, São Jerônimo e outras cidades. Em geral, todos faziam uso do transporte público de suas cidades e do Trensurb para sua mobilidade. Qual o plano de contingência que a prefeitura está disponibilizando para seus servidores que contemple uma mobilidade viável?

Atualmente no contracheque dos servidores, o auxílio transporte gira em torno de R$200,00. Este valor nunca cobriu os gastos de transporte e muito menos irá cobrir neste momento para podermos retornar às atividades. As empresas de ônibus estão com seus horários totalmente reduzidos. Considerando a demanda da população da região metropolitana, sem o trem, se torna inviável cumprir o horário de trabalho normal, estabelecido pelas escolas. Além disso, o valor atribuído ao auxílio transporte representa apenas um quinto dos gastos que os servidores atingidos pelas enchentes estão precisando para o seu deslocamento até as escolas. Ademais, algumas tarifas estão com preços abusivos. Faz-se necessário, pelo menos, reajuste no auxílio transporte, para garantir essas despesas extras. Não houve flexibilização sobre o horário escolar. Muitos servidores estão fazendo uso de dois a quatro ônibus para trabalhar. Como será garantido que esses funcionários possam chegar em suas casas de forma segura e tranquila, sabendo que o transporte está levando o dobro do tempo para chegar às paradas de ônibus ou trem?

A categoria sofre há anos com o descaso da Prefeitura de Canoas e isso não está sendo diferente em relação aos últimos acontecimentos. É uma sensação de angústia e ansiedade em não saber o que vai acontecer no dia de amanhã. 

Não há informações sobre o calendário escolar: como serão as próximas semanas, como devemos acolher as crianças e adolescentes que foram atingidos pela catástrofe climática, tal como muitos profissionais da educação?. Como será a acolhida dos estudantes das escolas de ensino fundamental, principalmente dos bairros atingidos? Como lidar com a saúde mental de crianças e adolescentes da Educação Infantil, do primeiro ao nono ano, considerando ainda que a saúde mental dos profissionais da educação está em sua grande maioria totalmente fragilizada?

Serão realizadas formações e atendimentos constantes com profissionais especializados para tratar sobre saúde mental ou isso seguirá sendo um tabu? Estamos acompanhando muitos casos de estudantes que não tem mais nenhum pertence pessoal assim como os profissionais da educação. A população está traumatizada, as memórias afetivas relacionadas aos seus lares já são apenas lembranças de algo distante. Não estão recebendo alimentação adequada, perderam seus materiais escolares e seus pertences pessoais, como roupas, equipamentos, etc.

Os profissionais de educação não estão sendo preparados para retornar às suas atividades de forma segura, não estamos obtendo o suporte necessário de profissionais especialistas na área de saúde mental! Somos em sua maioria, profissionais com formação pedagógica ou com formação em diferentes áreas da educação.

Diante disso, demonstramos a nossa total insatisfação ao descaso com os profissionais de educação. Não há uma comunicação clara sobre o que vem acontecendo. Lamentamos muito a insensibilidade nas tentativas falhas de  estabelecer um diálogo entre o Sinprocan e a SME, gerando angústia e ansiedade.

 Somos profissionais que temos um papel fundamental na sociedade, responsáveis por orientar, mediar o conhecimento, desenvolver habilidades e competências, merecendo um tratamento respeitoso e humanizado!

EXIGIMOS RESPOSTAS!!!

Tags:

Comments are closed



O SINPROCAN é uma entidade fundada em 1993 com o propósito de juntos com a categoria estimular o avanço de nossas propostas junto ao poder municipal de Canoas. Desde então temos trabalhando com este objetivo.


FALE CONOSCO

(51) 3476-4033
contatosinprocan@gmail.com

Rua 15 de Janeiro, 121, sala 203
Centro – Canoas/RS

Horário de atendimento:
de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h